PROFESSORES
APAIXONADOS
Professores
e professoras apaixonadas acordam cedo e dormem tarde, movidos pela idéia de
que podem mover o mundo. Apaixonados, esquecem a hora do almoço e do jantar:
estão preocupados com as múltiplas fomes que, de múltiplas formas, debilitam as
inteligências.
As professoras apaixonadas descobriram que há homens no magistério
igualmente apaixonados pela arte de ensinar, que é a arte de dar contexto a
todos os textos. Não há pretextos que justifiquem, para os professores apaixonados,
um grau a menos de paixão, e não vai nisso nem um pouco de romantismo barato.
Apaixonar-se sai caro!
Os professores apaixonados, com ou sem carro, buzinam o silêncio
comodista, dão carona para os alunos que moram mais longe do conhecimento, saem
cantando o pneu da alegria. Se estão apaixonados, e estão, fazem da sala de
aula um espaço de cânticos, de ênfases, de sínteses que demonstram, pela via do
contraste, o absurdo que é viver sem paixão, ensinar sem paixão(...).
Os professores apaixonados, querem tudo. Querem multiplicar o tempo,
somar esforços, dividir os problemas para solucioná-los. Interpretar a música
dos sentidos. Querem analisar a química da realidade. Querem traçar o mapa de
inusitados tesouros.
Os olhos dos professores apaixonados brilham quando, no meio de uma
explicação, percebem o sorriso do aluno que entendeu algo que ele mesmo,
professor, não esperava explicar. “A paixão é inexplicável, bem sei. Mas é
também indisfarçável.”
Gabriel Perissé
Nenhum comentário:
Postar um comentário